Quando eu digo: Misericórdia!
Os
chamados jargões evangélicos parecem estar na boca do povo!
Expressões
como “tá amarrado!”, ou “vade retro, Satanás”, ou “em nome de Jesus” – embora este
último seja uma recomendação bíblica aos crentes em Cristo quando orarem a Deus –
foram criadas e reforçadas no meio evangélico de tal forma que se tornaram caricaturas
de um crente.
No
entanto, uma delas me causou uma certa reflexão recentemente. É quando alguém
diz “Misericórdia!”. Na verdade, a expressão inteira seria “Misericórdia
dele/dela, Senhor!”.
Poucos
sabem, mas misericórdia significa colocar
o coração na miséria do outro. É se importar tanto com a dor e o sofrimento
de alguém, ao ponto de sentir como ele sente – e sofrer conjuntamente,
ajudando-a a levar suas cargas (Gl.6:2).
Quando
eu clamo pela misericórdia de Deus sobre algo, alguém ou uma determinada
situação, estou pedindo que Deus não trate aquela pessoa ou circunstancia da
forma merecida – com o rigor da lei. Estou pedindo que tenha compaixão dela, e
que, em última instância, a perdoe.
Eu
estou, na verdade, abrindo mão da vingança.
Inclusive,
da divina.
O
interessante é que, quando não clamamos pela misericórdia de Deus, invariavelmente
estamos clamando pelo seu juízo sobre alguém! Pensamos “Dê a ele o que ele
merece, Deus! Dê uma lição nele!” – isso quando nós mesmos não resolvemos
aplicar o castigo pessoalmente, não é mesmo?
O
mais engraçado de tudo é que, quando agimos assim, atraímos o juízo de Deus
para as nossas próprias vidas, pois cometemos erros iguais ou piores que os
outros!
A Bíblia diz: “Você não tem
desculpas quando julga os outros. Quando você afirma que alguém é mau e deveria
ser castigado, você está falando de si mesmo, pois faz essa mesma coisa, e está
condenando a si mesmo”.
(Romanos 2:1-2.
Versão da Bíblia Viva)
Mais uma vez, nosso modelo a ser
seguido foi dado por Jesus. Quando estava sendo crucificado, em meio às dores
agonizantes, ele olhou para os soldados que estavam se divertindo com a sua
morte, e disse “Pai, perdoa-os! Eles não sabem o que fazem!”. Você já viu
exemplo maior de compaixão?
Eu
não.
Por
isso, escolha clamar “misericórdia!”
de forma consciente e sincera, diante de situações e pessoas difíceis –
inclusive quanto a essa pessoa que você pensou agora mesmo!
À
medida que formos entendendo que Deus nos amou primeiro, e de uma forma
grandiosa, mesmo sabendo de todos os pecados que íamos cometer, entenderemos o
quão mesquinhos somos de exigir a justiça divina na vida de outras pessoas. É
como se alguém nos tivesse perdoado uma dívida de um milhão de reais, e viéssemos
a cobrar de forma inclemente o nosso vizinho que nos deve cem mil...
Quem
somos nós, afinal, para não nos amarmos e pedir a Deus que tenha misericórdia
das falhas dos outros?
Fernanda Bezerra.
27 de setembro de
2012.

