quinta-feira, 27 de setembro de 2012


Quando eu digo: Misericórdia!


Os chamados jargões evangélicos parecem estar na boca do povo!
Expressões como “tá amarrado!”, ou “vade retro, Satanás”, ou “em nome de Jesus” – embora este último seja uma recomendação bíblica aos crentes em Cristo quando orarem a Deus – foram criadas e reforçadas no meio evangélico de tal forma que se tornaram caricaturas de um crente.

No entanto, uma delas me causou uma certa reflexão recentemente. É quando alguém diz “Misericórdia!”. Na verdade, a expressão inteira seria “Misericórdia dele/dela, Senhor!”.

Poucos sabem, mas misericórdia significa colocar o coração na miséria do outro. É se importar tanto com a dor e o sofrimento de alguém, ao ponto de sentir como ele sente – e sofrer conjuntamente, ajudando-a a levar suas cargas (Gl.6:2).

Quando eu clamo pela misericórdia de Deus sobre algo, alguém ou uma determinada situação, estou pedindo que Deus não trate aquela pessoa ou circunstancia da forma merecida – com o rigor da lei. Estou pedindo que tenha compaixão dela, e que, em última instância, a perdoe.

Eu estou, na verdade, abrindo mão da vingança.

Inclusive, da divina.

O interessante é que, quando não clamamos pela misericórdia de Deus, invariavelmente estamos clamando pelo seu juízo sobre alguém! Pensamos “Dê a ele o que ele merece, Deus! Dê uma lição nele!” – isso quando nós mesmos não resolvemos aplicar o castigo pessoalmente, não é mesmo?
O mais engraçado de tudo é que, quando agimos assim, atraímos o juízo de Deus para as nossas próprias vidas, pois cometemos erros iguais ou piores que os outros!

A Bíblia diz: “Você não tem desculpas quando julga os outros. Quando você afirma que alguém é mau e deveria ser castigado, você está falando de si mesmo, pois faz essa mesma coisa, e está condenando a si mesmo”.
(Romanos 2:1-2. Versão da Bíblia Viva)

Mais uma vez, nosso modelo a ser seguido foi dado por Jesus. Quando estava sendo crucificado, em meio às dores agonizantes, ele olhou para os soldados que estavam se divertindo com a sua morte, e disse “Pai, perdoa-os! Eles não sabem o que fazem!”. Você já viu exemplo maior de compaixão?

Eu não.

Por isso, escolha clamar “misericórdia!” de forma consciente e sincera, diante de situações e pessoas difíceis – inclusive quanto a essa pessoa que você pensou agora mesmo!

À medida que formos entendendo que Deus nos amou primeiro, e de uma forma grandiosa, mesmo sabendo de todos os pecados que íamos cometer, entenderemos o quão mesquinhos somos de exigir a justiça divina na vida de outras pessoas. É como se alguém nos tivesse perdoado uma dívida de um milhão de reais, e viéssemos a cobrar de forma inclemente o nosso vizinho que nos deve cem mil...

Quem somos nós, afinal, para não nos amarmos e pedir a Deus que tenha misericórdia das falhas dos outros?

Fernanda Bezerra.
27 de setembro de 2012.

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